segunda-feira, 20 de abril de 2009

Seu anjo, meu demônio


Eles se olharam por décimos de segundos, por suas retinas fatigadas. Seus corpos se tocaram, se completaram, não podiam ficar juntos, dois seres imortais... Suplicaram a morte, pois a sede do desejo mutila o sexo, ele não pôde continuar longe, se aproximou fitando-a, em sua mente era tudo fogo, queimando e consumindo, ela hesitou em vão, ele a tomou nos seus braços, de súbito se completaram. Era tarde dermais, foram tomados pela excitação, não se tocavam com os lábios, aqueles lábios estavam sujos de mentiras, tocaram seus sexos intensamente em movimentos e momentos contínuos - ele, apossado de selvageria, a beijava em todos os lugares, seus beijos eram profundos e molhados, assim como as partes dela.

Ele a puxou contra o seu corpo, arrancou suas roupas em um golpe de desejo, abaixou suas calças, sem perder tempo se despindo, enlaçou as pernas dela em seu quadril e sentiu o sopro de sua santidade se esvair, deu um grito alto e rouco, os movimentos continuaram, e pronto o tempo passava em câmera lenta, ele oscilava o olhar, ora para o nada ora para suas próprias pálpebras, mas nunca a olhava. Ela respirava ofegantemente em seu pescoço e cada vez que ele se movimentava, ela abria um pouco a boca e grunhia, se sentiam carne e não pensavam.

Ele começou a morder os próprios lábios, segurava forte as suas costas, os movimentos ficaram mais rápidos, e rápidos, e rápidos, e rápidos, e rápidos, e embalantes, doloridos e mais rápidos, ecoou o grito do gozo, ela saiu de súbito e o tirou de dentro dela, colocou a roupa e correu pra seus demônios. Ele caiu no chão, encarou o nada e se preocupou, agora estava sujo com o seu DEUS, comeu uma podre maçã proibida, não voltaria mais para seus anjos, pois ele mesmo se sentiu caído, homem de vida vulgar, a beleza demoníaca dela o enfeitiçou, sabia que iria pagar pela sua traição, depois do gozo, o anjo belo chorou, e o que era desejo se tornou escuridão das mentalidades...

domingo, 19 de abril de 2009

Escuridão das mentalidades


Tentei fatorar o problema, mas não conseguir, queria achar o centro do erro, aconteceu que o momento foi errado. Analisei as falas, os movimentos os olhares, mas principalmente os atos, composição e mistura de tudo aquilo, cheguei finalmente aos fatos e me deparei com a certeza do erro total, sim, eu fiz tudo errado. Mas o erro é a decomposição de algum suposto brilhantismo, do erro se faz a vida, o instante se faz de base pro momento inevitável e tudo colidi, acontece a perfeição, pequenos átomos de partículas desarticuladas e a frase: que se faça a luz! Os erros ficam visíveis e as consequências se tornam não mais do que elas já são: apenas pontos de vista. Começa a se falar do modo como é feito essas coisas, fala-se de paixão, de amor, desejo e necessidade, também fala-se de intensidade, efemeridade e de longa duração, e busca-se através dessa estranha dança, o prazer nu e cru, escancarado em nossos feitos. Assim acontece os sentimentos, demonstração de humanidade, angústia do ser. Tudo efeito do grande erro e o mundo que dizem ser imperfeito é colorido com essas cores invisíveis. Fica tudo sem cheiro, porque tudo vira dor, sentimento intenso que leva nome de coisa física, e é notada a nossa maior fraqueza, conhecida do homem, a vontade louca de perdoar, é preciso ser forte pra isso, vira contradição, e pouco se fala do medo, sentimento que controla a essência humana, de tal complexidade que não se toca no assunto por medo, ciclo vicioso! Medo por medo, estranho ressentimento da sociedade...