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Elas se olharam, por minutos ou talvez horas, nos seus olhos não havia marcadores de tempo, também não existia nenhuma forma de julgamento, dessa forma notaram que se queriam, não muito, mas o suficiente...
Dançavam agora uma para a outra, e se curtiram por toda uma inesquecível noite, saíram dos seus grupos para se encontrarem sem se tocarem, sem se encostarem, só para se olharem mais de perto, mais dentro, mais íntimo, mais calor. Podiam passar a noite daquele jeito, usando jogos de olhares, sem esclarecimentos, sem identidades ou qualquer outra forma de documento, não precisavam do passado para se conhecerem, nem precisavam de fato de um aperto de mão seguido de um "prazer em conhecer", só precisavam daquele momento para se completarem, fez sentido os meses sem ninguém, foi gostoso ter isso com ela, um flerte sem compromisso, sem o beijo, os abraços e amassos, e possível esquecimento, foi bom só sorrir e se notar, isso parecia ter sentido!
Com os olhares trocavam algumas palavras, ensaiavam um pequeno diálogo, apertavam os olhos e contraiam as sobrancelhas, falavam cantadas bregas e comuns, e os seus sorrisos denunciava uma certa química. Novas contrações oculares, e a conversa continuava se desenrolando.
Sorrisos e sorrisos, era bobo o jeito óbvio que surgia o interesse, e as respostas não respondiam as perguntas, mas satisfazia as entrevistadoras, era engraçado a cumplicidade das estranhas conhecidas, a forma como destruíram os tabus e sem nada se amaram por toda uma noite, tiveram todo um relacionamento ali, sem ninguém para notar e se meter, sem palpites alheios, só as duas e mais ninguém, longe e muito longe dos seus amigos, pois foram levadas quase que por uma correnteza, já não precisavam de socorro, pois já não estavam mais sozinhas, e o suposto medo de se perder dos seus grupos não existia, pois já havia se formado o mais belo dos grupos, composição de no máximo duas pessoas, com piscadas rápidas se escolheram e juntas se perderam e se levaram uma pra casa da outra e lá tiraram todas as suas roupas com a força do pensamento, e se beijavam, se lambiam, se comiam, ardia o momento em suas cabeças e fechavam os olhos querendo sentir com mais intensidade o pensamento, e gozavam para recomeçar e sorriam ao se olhar e médio sentir o prazer da outra, e curtiam saber que estavam se curtindo, e a música ficava mais alta e rápida, acompanhando os gemidos e os movimentos, algumas letras ficavam como o que se estava sendo dito, dessa forma não havia confusão, pois as falas acompanhavam o ritmo do momento, e os sentimentos cresciam, e se modificavam de acordo com cada acontecimento e as duas que só sabiam ser ativas, queriam se tornar outra coisa só para não chatear nem contrariar ninguém, e tiveram o encontro perfeito, foram Romeo e Julieta, só que sem tragédia, não morreriam com a partida uma da outra, a despedida somente significaria o fim da noite e a promessa de um "até a próxima", e prometeram no meio dessa dança não criar muitas expectativas, pois quando tivessem seus outros encontros não iria ser como aquele em particular, seria mais palpável, mais junto, mas não mais unido, seria ótimo, mas não seria perfeito, e esses pensamentos foram fazendo elas se afastarem, e se questionarem, e as dúvidas como em qualquer relacionamento fez com que aquele elo fosse rompido e tudo foi terminado, olharam para o relógio, só havia se passado dez minutos, escuridão das mentalidades!